Seu pai, Louis Bardot, foi um industrial da alta burguesia francesa. Sua mãe, Anne-Marie, era quatorze anos mais jovem que seu pai e casaram-se em 1933. Ela recebeu influência da mãe nas artes da dança e música. Em 1947, foi aceita no conservatório de dança e música de Paris (Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris) e cursou as aulas de balé por três anos.
Com o apoio e incentivo da mãe, começou a fazer trabalhos de moda em 1949, aos quinze anos, e em 1950 foi capa da edição de março da revistaElle francesa,[1] trabalho que chamou a atenção do então jovem cineasta Roger Vadim. Vadim mostrou a capa da revista ao cineasta e roteirista Marc Allégret, que convidou Brigitte para um teste para seu filme "Les lauriers sont coupés". BB foi escolhida para o papel, mas o filme acabou não sendo realizado. Mesmo assim, esta oportunidade fez com que ela pensasse em se tornar atriz. Mais do que isso, seu encontro com Vadim, que assistiu ao teste, iria influenciar sua carreira e sua vida.
Brigitte Bardot estreou no cinema aos 17 anos no filme Le Trou normand (1952) e no mesmo ano, após dois anos de namoro à revelia dos pais, casou-se com Roger Vadim. Em seu segundo filme, Manina, la fille sans voile , suas cenas de biquíni fizeram com que seu pai recorresse à Justiça para impedir que as cenas fossem levadas ao cinema, sem sucesso.
BB nos anos 50.Entre 1952 e 1957 ela fez dezessete filmes, nenhum de grande sucesso, dramas românticos ou históricos, sendo três filmes em inglês, entre eles Helena de Tróia, mas foi o grande centro de atenção da mídia presente ao Festival de Cannes de 1953. Vadim não estava contente com isso e achava que Bigitte estava sendo subestimada pela indústria. A nouvelle vague francesa, inspirada no neo-realismo italiano, estava começando a crescer internacionalmente e ele, acreditando que Bardot poderia estrelar filmes de arte nessa linha, a escalou para o papel principal de seu novo filme, E Deus Criou a Mulher (1956), com a então jovem sensação masculina do cinema francês, Jean-Louis Trintignant. O filme, sobre uma adolescente amoral numa pequena e respeitável cidade do litoral, fez um grande sucesso - e causou grande escândalo - mundial, transformando BB num sex-symbol, com suas cenas de nudez correndo as telas de cinema de todo o mundo.
Na moralista Hollywood dos anos 50, onde o maior símbolo sexual, Marilyn Monroe, no máximo havia aparecido nas telas de maiô, seu perfil erótico a transformou numa aposta arriscada para os estúdios, e isso, além de seu sotaque e seu inglês limitado, a impediram de fazer uma grande carreira no cinema norte-americano. De qualquer modo, ela se tornou a mais famosa atriz européia nos Estados Unidos e permanecer na França beneficiou sua imagem. Durante a década de 60, quando a Europa, principalmente Londres e Paris, começou a ser o novo centro irradiador de moda e comportamento e Hollywood saiu por um tempo da luz dos holofotes, ela acabou eleita a deusa sexual da década. Verdadeiro ou falso, nesta época se dizia que Brigitte Bardot era mais importante para a balança comercial francesa que as exportações da indústria automobilística do pais.
Bardot se divorciou de Vadim em 1957 e dois anos depois casou-se com o ator Jacques Charrier, que lhe deu seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier, e com quem estrelou Babette Vai à Guerra (1959). Seu casamento foi alvo constante dos paparazzi e houve choques e mudanças no rumo de sua carreira. Seus filmes se tornaram mais substanciais, mas isto trouxe uma grande pressão tornando dúbio o seu status de celebridade do cinema, pois ao mesmo tempo em que tinha aclamação da crítica na França, continuava sendo a bombshell glamourosa para o resto do mundo.
Em 1962, filmou com Louis Malle e Marcello Mastroianni Vida Privada, um filme quase autobiográfico sobre uma celebridade do cinema sem vida pessoal, graças a perseguição constante da imprensa. Pouco depois deste filme , BB retirou-se da vida agitada das metrópoles európéias para uma vida de semi-reclusão, mudando-se para uma mansão (La Madrague) em Saint Tropez, no sudoeste da França.
Em 1963 ela estrelou o aclamado filme de Jean-Luc Godard, O Desprezo, e pelo resto da década seu mito de ícone sexual foi alimentado por filmes como Histórias Extraordinárias, com Alain Delon, Viva Maria! com Jeanne Moreau e As Noviças, com Annie Girardot, entre outros e vários musicais de televisão e gravações de discos produzidos por Sacha Distel e Serge Gainsbourg.
Em 1973, pouco antes de completar quarenta anos, Brigitte anunciou que estava encerrando sua carreira. Após mais de cinquenta filmes e de gravar dezenas de discos, ela recolheu-se a La Madrague definitivamente, escolheu usar a fama pessoal para defender os direitos dos animais e tornou-se vegetariana. Em 1977 atraiu atenção mundial para sua causa ao denunciar in-loco o massacre de bebês-foca no norte do Canadá. Em 1986, ergueu uma fundação, Fondation Brigitte-Bardot, declarada de utilidade pública pelo governo francês em 1992, e que em 1995 nomeou o Dalai Lama como seu membro honorário. Entre 1989 e 1992, BB também apresentou na tv francesa uma série chamada S.O.S. Animaux, co-patrocinada por sua fundação. Entre outras causas, ela atuou e liderou campanhas contra a caça das baleias, as experiências em laboratório com animais, pela proibição de brigas autorizadas entre cães e contra o uso de casacos de pele.
Entusiasta e apoiadora da política de Charles de Gaulle nos anos 60,[5] principalmente no tocante à independência da Argélia, nos anos 90 entretanto, suas posições políticas e sociais, sobre a imigração árabe e o homossexualismo, lhe causaram diversos processos e lhe custaram muito da popularidade conquistada no cinema a e em seu ativismo pró-animais, sendo uma personalidade hoje antipatizada pela nova geração dos franceses. Seu livro autobiográfico de 1996, grande sucesso de vendas na França, trazia diversas referências e críticas principalmente ao Islamismo.
Hoje casada com um ex-conselheiro do Partido Nacional de Jean-Marie Le Pen, representante da extrema-direita francesa, entre 1997 e 2003 ela foi processada por diversas entidades muçulmanas, devido a suas críticas aos imigrantes islamitas do país, ao crescimento do número de mesquitas, ao sacrifício de animais usado em vários de seus rituais e foi acusada de racismo e suposto incitamento anti-racial contra imigrantes, chegando a ser condenada a pagar 5.000 euros de multas em corte.
Por comentários recebidos como insultuosos aos homossexuais, feitos em seu livro de 2003, A Scream in the Silence, que também trata da 'islamização' da França, foi processada por entidades de defesa de minorias.
Em junho de 2008, BB foi pela quinta vez condenada num processo de incitação ao racismo por um tribunal de Paris, sendo obrigada a pagar 15 mil euros de multa. Os protestos de Bardot tem a ver com os rituais muçulmanos de sacrifício de animais, durante a tradicional festa Eid ul-Adha, realizada pelos imigrantes de países islâmicos que vivem no país.
Além de ser a responsável pela popularização de St. Tropez, na França, ao se mudar para lá no começo dos anos 60, no verão de 1964 Brigitte Bardot também mudou a vida de uma pequena cidade do litoral do Rio de Janeiro chamada Armação dos Búzios, onde ficou hospedada em suas visitas pelo Brasil, na companhia do namorado Bob Zaguri, um playboy e produtor marroquino que viveu muitos anos no Brasil. Depois da visita de BB, acompanhada diariamente pela imprensa e recheada de fotografias, Búzios foi 'descoberta', virou município e tornou-se um dos pontos mais sofisticados e procurados do verão brasileiro, inclusive por estrangeiros. Em sua homenagem , a Prefeitura local criou a Orla Bardot, na Praia dos Ossos, e instalou ali uma estátua de bronze da atriz em tamanho natural. O único cinema do sofisticado balneário leva o nome da atriz. Em sua biografia, ela deixou registrado que os períodos passados na região foram as épocas mais lindas de sua vida.
Ela é reconhecida por ter popularizado o biquíni usando-o em seus primeiros filmes, nas aparições em Cannes e em dezenas de fotos de revistas.
BB era idolatrada por John Lennon e Paul McCartney, que fizeram planos de fazer um filme dos Beatles junto com ela, nunca realizado, na linha de Os Reis do Iê-Iê-Iê. As primeiras esposas dos dois, Cynthia Lennon e Jane Asher, usavam seus cabelos inspirados na cor e no corte do usado por BB. Ela e Lennon encontraram-se num hotel uma vez em 1968, apresentados pelo agente de imprensa dos Beatles. Segundo ele contou mais tarde em memórias , nenhum dos dois impressionou o outro: 'Eu estava numa viagem de ácido e ela estava de saída'.
Em 1970, o escultor francês Alain Gourdon usou Brigitte como modelo para o busto de Marianne, o emblema nacional da França.
Bob Dylan dedicou a ela, como consta nos créditos de seu primeiro disco, a primeira música que compôs na vida. Além disso, seu nome consta em dezenas de músicas feitas por artistas tão diversos como Elton John, Billy Joel, Red Hot Chili Peppers, The Who e Caetano Veloso, entre outros.
Chamada pela mídia sensacionalista de 'devoradora de homens' pela rapidez com que terminava seus relacionamentos e pela quantidade deles, Brigitte Bardot teve quatro casamentos: o primeiro aos dezoito anos com Roger Vadim, o cineasta que a descobriu e lançou ao estrelado. Vadim, um descobridor de talentos femininos e mulheres bonitas, também foi casado com Jane Fonda e Catherine Deneuve. O segundo, em 1959, com o ator Jacques Charrier, do qual teve seu único filho, Nicolas-Jacques Charrier. O terceiro, entre 1966 e 1969, com o playboy e multimilionário alemão Gunter Sachs. O quarto e último foi em 1992, aos 58 anos, com Bernard d'Ormale, ex-conselheiro do político francês Jean-Marie Le Pen e que perdura até hoje.
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